domingo, 19 de janeiro de 2014

Roupa Nova I (Roupa Nova) - muito além das trilhas de novelas

Whisky a Go Go (1984), Dona (1985), Chama (1988), Coração Pirata (1990), Felicidade (1991), Começo, Meio e Fim (1991), De Volta ao Começo (1993), A Viagem (1994). Você muito provavelmente conhece pelo menos alguma destas músicas. Não imagina daonde? Se você assistia novela nos anos 80 e 90, está aí uma boa pista. 

Enfim, estas músicas fizeram a fama de uma das maiores bandas nacionais, o Roupa Nova, figurinha carimbada nas trilhas sonoras de novelas da Globo. A banda teve origem após algumas mudanças na formação de uma banda de baile chamada Os Fumks e, em 1980, passou a se chamar Roupa Nova, já com a formação que permanece até hoje: Paulinho (vocal e percussão), Kiko (guitarra e vocal), Nando (baixo e vocal), Ricardo Feghali (teclado, guitarra e vocal), Cléberson Horsth (teclado e vocal) e Serginho Herval (bateria e vocal). O início da carreira como banda de baile deu aos músicos grande experiência, tornando-os referências como instrumentistas no cenário musical brasileiro. Os belos arranjos vocais (note que todos na formação da banda cantam) e instrumentais voltados para o pop rock conquistaram um grande público que permanece fiel mesmo após estes 30 anos de carreira. Em 1981 o grupo lançou seu primeiro álbum, intitulado Roupa Nova – aliás, os cinco primeiros álbuns do grupo, lançados anualmente entre 1981 e 1985, receberam o mesmo título. 

Os primeiros álbuns do Roupa Nova podem soar um tanto quanto esquisitos para o público em geral. A sonoridade da banda tendia mais para um prog/pop, algo como o Toto já fazia naquele início dos anos 80 misturando o rock com outros elementos para criar canções pop – já comentei sobre esta semelhança entre as duas bandas em algumas outras postagens aqui no Álbuns de Cabeceira. Ao longo dos anos a sonoridade da banda foi tomando um formato mais pop, mais conhecido do grande público e que invadiu as trilhas sonoras de novelas. 

O Álbuns de Cabeceira trás hoje a resenha do álbum de estréia do Roupa Nova, aqui intitulado de Roupa Nova I para facilitar a referência. Com este álbum vocês conhecerão o que existe além das trilhas de novela do Roupa Nova.

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Nome do álbum: Roupa Nova
Lançamento: 1981
Músicas:
01. Sapato Velho
02. Pra Sempre
03. Bem Simples
04. Um Pouco de Amor
05. E o Espetáculo Continua...
06. Recomeçar
07. Tanto Faz
08. Canção de Verão
09. Quem Virá
10. Roupa Nova

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O disco abre com Sapato Velho; uma belíssima canção de Mú Carvalho, Cláudio Nucci e Paulinho Tapajós. A letra é uma bela metáfora para falar sobre o envelhecimento. O arranjo também é muito interessante, misturando diversos timbres de sintetizador e trazendo os vocais em perfeita harmonia, marca registrada do grupo. Um dos shows da banda gravado em formato acústico trás uma versão desta música que os faz lembrar muito o Eagles:
   
Pra Sempre trás uma pegada funky/disco, enquanto Bem Simples é uma bela balada ao estilo R&B na voz de Nando. 

O clima volta a ficar descontraído com Um Pouco de Amor e E o Espetáculo Continua.... A segunda, que fala de um show da perspectiva dos artistas, tem uma série de brincadeiras feitas pelo grupo no meio da música, revelando um lado cômico inusitado e a característica prog de criação de um “cenário musical” com recursos sonoros. 

Recomeçar é uma música um tanto quanto sombria, que fala sobre se desgarrar do que não nos serve mais e recomeçar uma nova vida. Os sintetizadores assumem novamente o destaque nos arranjos.

O pop rock volta em Tanto Faz, com riff e solo de guitarra bem característicos do repertório do Kiko; e em Canção de Verão, primeiro sucesso do grupo que trás as tradicionais harmonizações vocais e alguns sons de fundo que remetem a uma festa onde a banda está tocando – mais um “cenário musical” criado no álbum.

Quem Virá é outro rock que fala da atração imcombatível de um homem por uma mulher. O virtuosismo do Kiko na guitarra mais uma vez está presente.

Pra fechar o álbum, a canção-título Roupa Nova vem com um poderoso riff de guitarra misturado com alguns elementos percussivos latinos.

O Roupa Nova I não é um álbum muito lembrado por quem é fã da banda, provavelmente porque não trás muitos hits como os álbuns mais recentes. Entretanto, trata-se de um belo trabalho, que mostra um amadurecimento musical (de certa forma precoce) da banda e uma liberdade criativa fantástica. Como fã da banda e deste álbum em particular, adoraria vê-lo executado na íntegra ao vivo algum dia, como muitas bandas vêm fazendo para celebrar o aniversário de grandes lançamentos. Quem sabe em 2016, pra celebrar os 35 anos do lançamento...

Pra quem gostar deste álbum, já aproveito pra estender a recomendação dos outros quatro álbuns homônimos – para aguçar a curiosidade, tem até música instrumental no meio do balaio!

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